terça-feira, 22 de julho de 2008

NA ALEGRIA E NA TRISTEZA (Crônica para minha amiga e cunhada Rosineide)





Quando da descoberta do último reduto do muito jovem faraó Tutancamon, pelo inglês Howard Carter, na primeira metade do século XX, o que mais o impressionou não foi o brilho do ouro, a riqueza de detalhes artísticos dos objetos na câmara, mas um simples ramalhete encontrado no peito do monarca, provavelmente posto por sua mulher AKHESA (ANKES-EM-AMON). Suas lágrimas não deixaram vestígios no ramalhete, passado tanto tempo, mas não é difícil imaginarmos visualizá-las como pequenos diamantes em meio às flores secas, ainda hoje.

Cada um de nós, pares, passará por esse momento um dia. Diante da inerte cara-metade, só as lembranças ganharão vida nos primeiros olhares, nos recados, na aproximação tímida e no contato de mãos trêmulas e geladas, negando quentes corações.

Palavras, EVERESTES, de palavras, em juras e frases, promessas de fidelidade e de amor sem fim, ditas pela necessidade urgente de conquistar e de se apropriar do outro, num projeto de perpetuação DARWINIANO ou divino, alheio a tudo e a todos. Impérios desabam, reis e rainhas, pois "nada vive muito tempo, só a terra e as montanhas” (Canção da Morte, do povo CHEYENNE).

A perda do outro é o GÓLGOTA de cada um, mas jamais deveremos aceitar a solidão como companheira. O homem é o único animal que ri. “A solidão é fera, prima-irmã do tempo e faz nossos relógios caminharem lentos”... ( Alceu Valença)

A vida oferece-nos faróis em terras firmes, referência em mares turbulentos. Evidentemente refiro-me a pessoas que navegam e / ou navegam na união a dois, alheios às tempestades, melhor do que no mar morto do cotidiano dos que não amam!


Rogo a Deus que você salte logo do “... que me importa da vida (?)” para a vida como ela é: dadivosa, surpreendente, surrupiadora e às vezes bela. Felizes os que a adotam, pois frutificam e, mesmo a duras penas, verão ficar nos filhos das espirais de todos nós, os olhos, a boca, o caminhar e o temperamento daquele que foi. Deixou Deus ungüento para ocasiões assim: O tempo, pelo que suportaremos a falta, entenderemos as razões do outro, perdoaremos suas falhas e enalteceremos tão somente suas virtudes. Tudo ficará quase branco nas páginas, com o tempo. Assim, poderemos voltar a escrever nossa história.

Crato (Ce), 04 de julho de 2007.
Dr. João Marni de Figueiredo

Nenhum comentário: