terça-feira, 22 de julho de 2008

DIA DAS MÃES



Mulher, que há milhões de anos, no período cenozóico, uma vez Lucy, deixaste as impressões na lama vulcânica quando instintivamente olhaste para trás, temendo pela vida do teu rebento;

Tu, que uma vez Eva, foste castigada por não postergar a procriação, tal e qual adolescente de hoje;

Tu, que embalas o sonhos de ser mãe, que exultas e ficas radiante quando concebes e carregas no ventre a razão da tua vida, deixando de existir para ti... que passas a rir ou chorar com o que ao filho acontece;

És capaz de nadar em águas turbulentas para salvá-lo, mesmo não sabendo fazê-lo. És também obstinada e nunca perdes a fé, a exemplo do Ingrid Betencourt, suportando um cativeiro de seis anos em meio à selva, às humilhações e maus tratos, acesa apenas pela tênue luz da esperança em rever os filhos.

Mãe, jamais mentes quando dizes que teu filho é o mais bonito, inteligente, inocente e o melhor dos homens. És símbolo de coragem e de responsabilidade, como aconteceu com aquela vietnamita, encontrada num buraco com seus filhos, durante a guerra, tendo negado ao seu algoz sobre seu companheiro com vários “não sei”. Mas quando indagada de quem seriam aquelas crianças, disse-lhe: “São minhas!”

Mãe, cuja maior queixa no consultório do pediatra é que seu filho não quer comer... Adiante, na juventude dele, não dorme enquanto não chega;

Mãe, feito Nossa Senhora, que mesmo sabendo desde sempre do destino reservado ao seu filho, Jesus, não foi capaz de segurar as lágrimas.

Parabéns a todas as mães, ricas ou pobres, santas ou pecadoras. Até às que abandonam ou agridem os filhos, pois doentes que estão, perdoadas são.

Tu que és filho, se não puderes comprar-lhe um presente, prenda maior será beijá-la e abraçá-la entre palavras como: “eu te amo, mãe!”.

Se distante estás, manda-lhe uma mensagem e, se já a não tens mais, lembra-te dela com alegria.

Presto homenagem agora à minha própria mãe, Maria Olga, num texto que ouso e espero, venha refletir o sentimento de todos pela sua:

Mamãe,
Do sopro do amor, no encontro aleatório dos códigos, iniciei-me na vida.
Alimentado como fruto em teu ventre, chorei ao deixar o silêncio e o morno de
tuas águas! Sorvi cada gota do teu néctar, enquanto maravilhava-me com teu olhar.
Nunca mais deixei de cair e de tentar novamente, desde que impelido a andar. Saí por aí e em lugar nenhum encontrei a paz, a entrega e a ternura como em ti, m
amãe! Em momento algum lamentaste o que te reservou a vida. Teu espírito é de continuar... Os filhos estão sempre a pedir perdão. Então perdoa-me, mãe, 70 vezes 7, Uma vez mais, quando perturbo o teu sono. És muito rica, pois em tempos difíceis, vendeste tuas jóias, exceto as do coração!
Te amo!

Crato (Ce), 11 de maio de 2008.
Dr. João Marni de Figueiredo

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