Outro dia presenciei o momento de desespero de um sábia, quando pousou e não encontrou mais os filhotes. Com o bico cheio, tal mãe com os peitos repletos, voou para lá e para cá, como quem perde o juízo. Assim, esquecidas de si, ficam todas as mães quando desaparecem os filhos nessa vida louca!...
Perda implica em ausência, sumiço do bem querer, mesmo que não seja para sempre, mas que nos faz solitários.
Quando iniciamos uma família, o primogênito ganha o título nobre de príncipe ou princesa, não é uma questão de classe social: todos nós assim nos comportamos. Com o tempo, logo vêm os irmãos, filhos de iguais títulos. E não importa quantos deles tenhamos. Num certo dia, num desses dias que chegam para os pais que amam – pois para os que não amam jamais chegam – a casa amanhece num silêncio perturbador, sem seus gritos ou o som de suas quedas e o de objetos que eles mudam de lugar e de forma! Então passamos a ouvir o barulho de fantasmas no piso que estala, na janela que não foi devidamente fechada, do vento no telhado, da conversa do vizinho e, se temos um cachorro, do uivo lamuriento dele. Assim sentimos quando saem os filhos, um a um, para estudar longe e, quando adultos, dividem entre as famílias constituídas, o Natal e o Ano Novo. É justo, justíssimo! Mas somos chorões demais e nunca nos preparamos. Compreendemos. Mas sofremos. Fazer o quê, se somos sabiás com os bicos cheios? Então é chorar mesmo, voar, derramar nossas lágrimas em dois pequenos cálices, tentar ignorar a saudade, brindar à alegria deles, (pois é nossa), e, num gole só, no xis dos nossos antebraços, agradecermos a Deus por ainda os termos.
A propósito, você está cada vez mais linda, Fátima. Os fogos e o estouro de champanhe que ouvimos agora ao longe, são para nós dois também! Feliz Ano novo! Feliz Ano Novo para todos!
31.12.2008
João Marni de Figueiredo
Perda implica em ausência, sumiço do bem querer, mesmo que não seja para sempre, mas que nos faz solitários.
Quando iniciamos uma família, o primogênito ganha o título nobre de príncipe ou princesa, não é uma questão de classe social: todos nós assim nos comportamos. Com o tempo, logo vêm os irmãos, filhos de iguais títulos. E não importa quantos deles tenhamos. Num certo dia, num desses dias que chegam para os pais que amam – pois para os que não amam jamais chegam – a casa amanhece num silêncio perturbador, sem seus gritos ou o som de suas quedas e o de objetos que eles mudam de lugar e de forma! Então passamos a ouvir o barulho de fantasmas no piso que estala, na janela que não foi devidamente fechada, do vento no telhado, da conversa do vizinho e, se temos um cachorro, do uivo lamuriento dele. Assim sentimos quando saem os filhos, um a um, para estudar longe e, quando adultos, dividem entre as famílias constituídas, o Natal e o Ano Novo. É justo, justíssimo! Mas somos chorões demais e nunca nos preparamos. Compreendemos. Mas sofremos. Fazer o quê, se somos sabiás com os bicos cheios? Então é chorar mesmo, voar, derramar nossas lágrimas em dois pequenos cálices, tentar ignorar a saudade, brindar à alegria deles, (pois é nossa), e, num gole só, no xis dos nossos antebraços, agradecermos a Deus por ainda os termos.
A propósito, você está cada vez mais linda, Fátima. Os fogos e o estouro de champanhe que ouvimos agora ao longe, são para nós dois também! Feliz Ano novo! Feliz Ano Novo para todos!
31.12.2008
João Marni de Figueiredo