Quem ama deveria se dispor a orientar e a incentivar o aleitamento materno, fosse profissional da saúde ou não, numa grande corrente a favor do ato mais bonito entre os seres vivos.
A mãe que amamenta tem olhos plenilúnios, a boca mais sorridente e o coração mais feliz dentre todos. Aquele momento é mágico, encontro de olhares que se completam, berço e palco de relações humanas quase angelicais, prenúncio e anúncio de uma amizade única, fundamentada na alegria, segurança e desprendimento.
Um momento tão bom que faz o neném balançar as pernas, como se a vida já estivesse resolvida...
Um momento de zelo tão singular que exige até trégua, como podemos observar em animais de espécies diferentes amamentando filhotes não seus, como bem retratado na mitologia greco-romana, em que os gêmeos Rômulo e Remo esbaldam-se nas tetas de uma loba.
É senso comum que o aleitamento materno deva ser exclusivo até pelo menos o sexto mês de vida do bebê, por vantagens mil. Depois desse período, deverá a mãe preparar o desmame, o que não significa deixar de dar de mamar, mas introduzir novos alimentos: frutas, sopas, papas, etc. Algumas mães passam a negar o peito após o sexto mês, pois julgam haver cumprido com o dever. Ledo engano, pois não há prazo para isso. Por que não estender mais esses momentos? Lembrar que adiante, todas as refeições ocorrerão em pratos, xícaras, pires, copos, com talheres, palitos e com as mãos.
A criança, logo logo, procurará andar e sairá pelo resto da vida batalhando pelo alimento que antes brotava como por encanto..
Decreta-se que assim tem que ser a vida da gente, freqüentando mesas não raro barulhentas, pouco acolhedoras.
Se o ato de amamentar voltasse a ser tão natural quanto já o foi nos primórdios da humanidade, certamente não teríamos hoje o culto aos peitos, incentivado pelos colunistas e paraíso da indústria da moda e dos cirurgiões plásticos. Se sabemos que muitos homens valorizam mesmo a outras tetas, ilusórias, aquelas das quais não jorram leite, mas dinheiro fácil e abundante, para que esse exagero?
Que as mães não se apressem, não estipulem prazo para o desmame definitivo, pois este é um entendimento entre dois seres que se amam e se conhecem profundamente. Portanto, minha filha Monalissa, não participarei deste processo, mesmo que já tenha onze meses. Sendo avô, não posso perder o brilho dos olhinhos da minha neta Maria Alice quando está a mamar. Como pediatra, não lembro o nome do remédio que faz o leite secar!
Adiante, no fim de ti, mãe, meu coração ainda infante te envolverá e serei capaz de po-la em meu colo, pender tua face em meu peito e fingir jorrar em ti a vida, no leite que tanto mo deste!
João Marni de Figueirêdo
02 de setembro de 2008
02 de setembro de 2008
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