Sabemos ser impossível conhecermos ou controlarmos
precisamente as circunstâncias de nossas vidas, devido à intromissão do acaso.
Não temos como evitar certas forças inesperadas e imprevisíveis, responsáveis
pelo trajeto de cada um de nós neste mundo. Mas somos convidados a crer que
ainda assim, até mesmo esse movimento desmastreado prossegue em alguma direção.
Lembra-se? Foi num período de carnaval. Você tinha 15
anos e eu 19. Estudantes. Uma receita que tinha tudo para estragar o bolo, mas
que surpreendentemente deu certo. Levamos a vida ou a vida tem nos levado. Aqui
estamos nós com 40 anos de união e uma família que nos enche de orgulho.
Você-rio imenso- veio vindo e levou minhas águas turvas e poucas e, desde
então, temos percorrido o acidentado leito do nosso destino ora mansamente, ora
aos borbotões, buscando o futuro na entrega e na transformação das nossas águas
,quando do acolhimento de Deus, nosso Grande Oceano!
Até lá, é bom demais dizer que te amo e que o seu amor
faz-me muito bem. Sei que também contribuí e ainda contribuo no descolorir dos
seus cabelos, mas sei que posso contar sempre com a sua indulgência. Sou um
homem de sorte, pois não é comum uma mulher impedir que as dificuldades,
incluindo as advindas da pobreza, se imiscuam na vida do casal. Adoro sardinhas
ainda hoje!
Querida, agradeçamos a Deus por tudo, e seja bem-vinda à
idade tão sonhada por todos, principalmente pelos que não conseguiram alcançá-la
por algum infortúnio. Somos parte agora de uma minoria escolhida, talvez para
que nos tornemos melhores, para o bem de todos. Uma última chance divina, acho.
Hoje somos mais reflexivos e contemplativos: Brigamos só pelo edredom!
Mais adiante, melhor eu primeiro: se fico, como alguém já
disse, terei perdido a escora da minha vida...
Parabéns, te amo. E vida longa!
(“God save my
queen”!) Crato, 29-11-2013
João Marni
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