O psiquiatra francês David Servan-Schreiber disse certa vez que... “se há alguma vantagem em ficar frente a frente com a morte é que se compreende quanto a vida é preciosa.” Este enfrentamento revela que não se deve desperdiçar a chance de contribuirmos de alguma forma para a existência do outro- é isso que fica depois que se vai embora! É claro que ninguém está disposto a pagar pelas alvíssaras portadas pela Senhora da Foice. Mas convivemos com ela desde o começo dos tempos, quando alguém chorou pela falta do outro ser, tão próximo e querido. O homem, ao longo da evolução, tem-se libertado- pelo conhecimento- de muitos dos medos que lhe afligem, tais como os ligados aos fenômenos naturais: raios, trovões, tempestades, terremotos, vulcões, etc., mas ainda permanece hoje temerário do tempo, esse bicho que tudo come, esse monstro que irá tragando para sua enorme pança a quem amamos e até nossas lembranças. Aprendemos o que há de irremissível nas perdas, nas separações. Sabemos que não mais ficaremos juntos e que, separados pelo tempo, cada um de nós terá digerido a ausência. A todo instante naufragamos no mar desse tempo, entre as ondas de ganhos e perdas de todo dia, até percebermos estarmos sozinhos e ao abandono; trancados, mesmo do lado de dentro da vida, que é curta e, enquanto choramos, ela se vai, e finda também para nós.
Devemos ter pena da alma de cada um, ainda não chamada, que se debate para a vida. Então é suspirar, erguer-se, banhar o triste corpo, porque a alma não carece de banho, mas de luz!
Reflitamos sobre a razão pela qual no álbum da família não há fotos dos momentos de tristeza. Talvez seja um apelo para que sigamos em frente, mesmo que aquela SOMBRA continue a nos assombrar "per omnia saecula".
Jamais compreenderemos inteira e definitivamente os mistérios que envolvem o começo e o fim das vidas, nem os motivos que possam explicar serem elas breves ou longevas... Apenas surgem e se acabam, impondo um ultimato ao homem para que não se veja grande. O que permanece de positivo para a humanidade são as atitudes de cada um de nós em prol do outro. Isso os homens poderão também julgar, mas apenas Deus assina.
Aqui prestamos, nesta oportunidade, homenagem especial ao doutor humanitário Fábio Machado Landim, que se foi quase no dia dos médicos, carimbando nossas memórias e nossos corações.
Crato- Ce, 21.10.2008
João Marni de Figueiredo
Crato- Ce, 21.10.2008
João Marni de Figueiredo
Um comentário:
Prezado João Marni
Realmente a morte é um mistério muito grande. Já tive oportunidade de encará-la de frente há cerca de uns 12 anos, quando fui acometido de uma forte arritmia cardíaca, que somente cessou oito horas depois. No caminho do hospital, teve um momento que senti o sangue chegar à minha garganta e então esperei a morte chegar. Mas passou, não era nada grave, apenas uma doença dos grandes executivos, como classificou o presidente da Coelce ao ligar para minha casa e saber do meu estado. Agora luto para derrubar uma brrigunha teimosa, pois como diz Magali: "Nem de morrer eu gosto." Já sonhei morto algumas vezes. Era invisível e noutras gostaria de encontrar os entes queridos que já se foram. Mas no sonho tudo isso era impossível. Na nossa idade assistimos os amigos partirem e a gente a lamentar não ter podido ficar mais tempo ao lado deles. Mas a vida é para ser vivida com fé e confiança. Acredito que ninguém inventou o que Jesus nos assegurou: a ressurreição. Um forte abraço para você e Fátima.E parabéns pelo seu blog.Desejo vê-lo mais vezes.
Abraços do "tio" amigo Carlos Esmeraldo
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