segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O 12 DE OUTUBRO

A esperteza e o oportunismo do homem para ganhar e acumular dinheiro são impressionantes. Dentre as várias maneiras conhecidas, uma é estabelecer datas comemorativas, a exemplo de 12 de Outubro, Dia da Criança. Por algumas horas ficamos com a impressão de que tudo transcorre às mil maravilhas com os baixinhos: uma festa! Na manhã do dia seguinte estarão fechadas as cortinas do grande teatro fictício e a vida nos revelará a realidade cruel: o descaso com a criançada, seja em sua educação escolar, em sua moradia sem saneamento e água potável ou na assistência de uma saúde pública sem qualidade e de difícil acesso. Poderão dizer os espertalhões que tudo se deve ao impacto da Revolução Industrial, que possibilitou a entrada da mulher no mercado de trabalho, alterando a forma da família cuidar e de educar seus filhos. Balela! O que falta mesmo é vontade e responsabilidade em políticas públicas, recursos com destinação correta e não em malas, meias e cuecas!...

Dada a ênfase da política macroeconômica atual, focalizada na realização de um elevado superávit primário para pagamento de juros, encargos e serviços da dívida externa brasileira, torna-se difícil acreditar que serão efetivados os investimentos e metas propostos.

De fachada, puro efeito cosmético, criou-se, dois anos após a aprovação da Constituição Federal de 1988, o “Estatuto da Criança e do Adolescente” (Lei 8069/90), onde o artigo 227 inseriu as crianças no mundo dos direitos humanos. Pelo art. 3º. eles devem ter assegurados os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, para que seja possível, desse modo, terem acesso às oportunidades de desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Presumem-se os direitos ao afeto, o de brincar, o de conhecer e o de se expressar. São atores do próprio desenvolvimento. Mas tem funcionado? É o que temos observado? Não nos esqueçamos do número escandaloso de crianças que morrem devido a sede e a fome por políticas públicas equivocadas.

Não deveria haver ninguém que sofresse por falta do necessário. O atual pontífice, Bento XVI, bem resumiu, numa declaração, esta situação: “De todas essas crianças, eleva-se um grito de dor que interpela e sacode nossas consciências”. Crianças, as criaturas mais frágeis e indefesas e, dentre elas, as sofredoras, pedem a nossa atenção. Pequenos seres humanos que carregam já em seus corpos e mentes, conseqüências de atrocidades da irresponsabilidade de quem os deveria proteger. Feridos no corpo e na alma em conflitos armados, vítimas inocentes dos insensatos. Meninos e meninas de rua, menores profanados por pessoas inescrupulosas que violam a sua inocência, provocando-lhes seqüelas indeléveis. Diz-se que Deus não nos manda sofrimento sem enviar a força para suportá-lo. Mas não interferir, deixando uma criança à própria sorte, empenhada em tourear a fome, o frio, a dor e o medo, é de uma crueldade sem perdão.

Nada mais triste do que a visão de uma criança a perambular à toa, descalça, suja, com roupas puídas, faminta, chorando e sem norte. Damos-lhe as costas e seguimos em frente, afinal não batem os nossos DNAs. Ainda não percebemos que somos, cada um de nós, responsáveis diretos ou indiretos por suas mazelas. Esse ser exuberante de vida é a vergonha andante que experimentamos enquanto humanos, sombra de nós mesmos, consciência materializada das nossas omissões. O pior é que aquela criança poderá, no futuro, estar a nos esperar num sinal de trânsito do cruzamento da Rua da Esperança com a Rua da Solidariedade, num ajuste de contas dantesco entre a inocência desprezada e seu verdugo de outrora. ouvir-se-ão simultaneamente o som da batida do martelo de Deus e o do estampido de uma arma de fogo...



João Marni de Figueiredo,
do Instituto Cultural do Cariri
Crato-12 de outubro de 2010

terça-feira, 6 de julho de 2010

Nosso Amigo Dr. Tarciso Pinheiro.




Agradeço a Deus por todos os dias da minha vida, principalmente pelos mais difíceis. É minha a vida. Ele deu-ma.
São uma benção os sentidos. O mínimo que devemos fazer é dar sentido também ao coração, maestro da alma, e bater no peito, dizer que esta bomba de sangue sempre identificou você, Tarciso, como a um bom amigo, colega exemplar, esposo apaixonado e pai bondoso. Filho e irmão querido, homem reto, urbano, amigo disputado por todos. Somos gratos por você em nossas vidas tal e qual um sol, uma lua, as estações e as mais lindas canções já concebidas. Creia, meu caro, que Deus se ocupa agora somente de você. Afinal, é no sofrimento que atingimos a excelência e vencemos o medo. Obrigado. Vamos procurar um rio ainda sem nome e batizá-lo com o seu, e iremos identificar seus olhos nas estrelas.


De coração,

João Marni, Fátima e descendentes.

Crato, 04. de Julho de 2010.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

ATÉ DEUS CHOROU



Basta a visão de uma cachoeira ou da terra a partir do espaço, para imaginarmos um criador para tanta beleza. Aquele único olho azul no pano de fundo preto do firmamento, nos arrebata, nos encanta. O palco dos seres vivos, lugar privilegiado, talvez único em todo o universo. Não aconselho- nem  compactuo,- a quem quer que seja, atribuir a Deus as desgraças emanadas do próprio homem que, a exemplo de todos os viventes, encontra-se em evolução e, portanto, sujeito a imperfeições. Somos ainda capazes de realizarmos gestos e atitudes bipolares: ora extraordinariamente belos e agremiantes, solidários, ora brutais e desagregantes. Na nossa caminhada rumo à leitura do plano divino, acertamos e também erramos.
Recentemente, minha alma tumultuada passou por mais duas experiências marcantes: a primeira diz respeito ao resgate do garoto Kiki Joachin do terremoto do Haiti. Saiu dos escombros após dias soterrado, com um semblante de pura vitória da vida sobre a morte. Não havia medo em seus olhos, apenas alegria, euforia, apesar dos sinais da sede e da fome em seu corpinho frágil. Os gritos e as lágrimas dos bombeiros traduziram e transcreveram a correta interpretação dessa leitura do que Deus espera de todos nós. Foi tudo o que uma criança representou para humanidade, naquele momento: a solidariedade que deveria nos acordar todos os dias, sem que tivéssemos que passar por algum tipo de sofrimento ou provocação, pesadelo do nosso dia a dia.
O segundo episódio revela o quanto estamos longe na nossa busca. Alcides, jovem negro e filho de uma catadora de lixo no Recife, (ela teria outra condição se tivéssemos vergonha na cara e não elegêssemos quem não presta para nos governar), tirou o 1º. lugar na faculdade de biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco, sem nunca haver visto um computador em sua escola pública. Amado por todos do campus da universidade, por ser símbolo de inclusão social e por seu largo sorriso e insuperável determinação. Era um resiliente. Mas foi abatido por assassinos, em sua casa pobre, comovendo todo o Brasil em pranto. Era ainda uma crisálida, deixando a humanidade órfã e envergonhada, sem saber das cores de suas asas em vôo por sobre os jardins da vida.
Quem sabe, um dia escreveremos que estas foram lembranças de um tempo pretérito, que já vai longe, e que a vida seja de fato tão bela como um sim, em meio a tantos nãos... Que não se configure só como um jogo de encontros aleatórios e improváveis, onde um fica com o maior pedaço, em detrimento do outro: como na fúrcula das aves (o osso da sorte), quando o disputamos. Que os vãos disfarces do homem, que tanto nos punge o coração, só ocorram em bailes de carnaval!
O homem é o único animal que chora. Talvez seja uma esperança. As minhas não costumo enxugar; deixo-as desabarem sobre o peito e depois que ganhem o chão. A vida nos foi dada para que a tornemos sempre mais bela e feliz para todos, pelo que precisamos urgentemente ser artífices e artistas deste projeto divino.

Crato, 11/02/2010
João Marni de Figueiredo(do ICC)
Nossa neta Maria Alice, de apenas dois anos e três meses, pela razões habituais - os pais trabalham, os avós também, e boas babás são raras e em
extinção, como as ararinhas azuis -, precisa ficar pelo menos um expediente na escola. Já sabemos o que acontecerá: gripes mais frequentes, sarna, varicela, piolhos, conjuntivite... E muitas orações para que não adquira coisas piores! Sim, porque há famílias que levam seus filhos doentes para o colégio,como se não tivessem nada com isso.

Passará a conviver com pessoinhas pequeninas que nem ela, porém com toda a expressividade de seus traços familiares, numa babel de comportamentos e costumes. Terá coleguinhas carinhosos e simpáticos, outros tanto tímidos ou tristonhos, haverá os egoístas que não partilham nada mas querem tudo, e alguns se mostrarão vorazes feitos formigas vermelhas, da roça, "cortadeiras", que deixarão marcas em seu espírito compassivo e em seu corpinho imaculado.
De certa forma, meio a contra gosto, entendo que, a exemplo dos animais que nascem já com o instinto de correr fugindo dos predadores (alguns têm até veneno!), precisamos desde cedo aprender rapidamente os
recados e lições da vida.

Maria Alice, esperamos que tenha a sorte de seus colegas tendo você como coleguinha e a felicidade de conviver com uma professora maternal,amiga, que sai de casa alegre e contente pela estrada afora, como
Chapeuzinho, que tenha capacidade de amar porque sabe ouvir a todos, de aconselhar, de saber compreender com sabedoria e afeto. Pois é sabido que um único grito pode encher o espaço (a sala) de medo, desfazendo o sorriso e a confiança dos pequeninos. A escuta e o trato com o coração, compôem um bom colo para uma criança se assentar...

Seja feliz, meu amor!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Maria Alice vai à escola!



Nossa neta Maria Alice, de apenas dois anos e três meses, pela razões habituais - os pais trabalham, os avós também, e boas babás são raras e em extinção como as ararinhas azuis -, precisa ficar pelo menos um expediente na escola. Já sabemos o que acontecerá: gripes mais frequentes, sarna, varicela, piolhos, conjuntivite... E muitas orações para que não adquira coisas piores! Sim, porque há famílias que levam seus filhos doentes para o colégio,como se não tivessem nada com isso.


Passará a conviver com pessoinhas pequeninas que nem ela, porém com toda a expressividade de seus traços familiares, numa babel de comportamentos e costumes. Terá coleguinhas carinhosos e simpáticos, outros tanto tímidos ou tristonhos, haverá os egoístas que não partilham nada mas querem tudo, e alguns se mostrarão vorazes feitos formigas vermelhas, da roça, "cortadeiras", que deixarão marcas em seu espírito compassivo e em seu corpinho imaculado. De certa forma, meio a contra gosto, entendo que, a exemplo dos animais que nascem já com o instinto de correr fugindo dos predadores (alguns têm até veneno!), precisamos desde cedo aprender rapidamente os recados e lições da vida.


Maria Alice, esperamos que tenha a sorte de seus colegas tendo você como coleguinha e a felicidade de conviver com uma professora maternal,amiga, que sai de casa alegre e contente pela estrada afora, como Chapeuzinho, que tenha capacidade de amar porque sabe ouvir a todos, de aconselhar, de saber compreender com sabedoria e afeto. Pois é sabido que um único grito pode encher o espaço (a sala) de medo, desfazendo o sorriso e a confiança dos pequeninos. A escuta e o trato com o coração, compõem um bom colo para uma criança se assentar...

Seja feliz, meu amor!

Vozinho João e Vozinha Fátima