quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Aquele abraço!



A pouco menos de três meses das eleições municipais de outubro próximo, já estou com os tímpanos prejudicados face ao barulho da propaganda nos veículos, quer seja pelo volume do som, seja pela péssima qualidade apelativa das mensagens em paródias de sucessos populares, canal em que os candidatos tentam fazer mágica, incorporando os ídolos musicais do povão.

A poluição visual também já incomoda, com tanta gente sacudindo bandeiras nas esquinas e praças, sol a pique, não por empenho com o partido ou com seus representantes, não por uma preocupação com o destino da comunidade, mas tão somente por uns trocados, à falta de ocupação trabalhista. Imagino quando chegar a vez da rede televisiva! Não posso deixar de registrar também a feiúra de muros pincelados com credenciais dos pretendentes, com a permissão dos proprietários, de olho num “favorzinho”. É para engulhar! Difícil é reconhecer quem de fato está bem intencionado em meio ao fumacê de candidatos, muitos já “cremados” pelo Tribunal Superior Eleitoral. Tudo isso sem falar nos incômodos tapinhas nas costas, mãos nos ombros, no sorriso há muito esquecido e agora ressuscitado e nas frases ensaiadas, que insultam nossa inteligência. Por que não fazem debates?
Abraçam-se pessoas por amizade, solidariedade, gratidão, pelo reconhecimento de um talento, nos parabéns pelo aniversário, por paixão, nas vitórias e nas derrotas... Mas permitimos que nos abracem também aqueles que destroem sonhos, esperanças e o futuro dos nossos filhos. Precisamos urgentemente reconhecer e refutar o abraço do “tamanduá sem bandeira”, sem compromisso com sua cidade e com sua gente, pois tem olhos apenas para si, um coração que nunca chora e bolsos que nunca enchem! Muitas vezes nos esquivamos de doces e sinceros abraços de pessoas genuinamente boas mas que, simples que são, não carregam nenhum logotipo. Adoramos marcas, grifes, é um defeito próprio da espécie e bem que podíamos nascer já com um “abraçômetro” com alarme e tudo, mas tal dispositivo poderia trazer mais desconforto às mães! É provável então que Deus nos tenha feito assim mesmo, para que aprendamos com a prática. Ainda há tempo!
É evidente que o exercício da cidadania na democracia é o melhor caminho para que possamos escolher bem nossos representantes, ter neles a confiança que temos, por exemplo, no barbeiro com sua navalha enquanto cochilamos em sua cadeira! Precisamos valorizar nosso ombro, lugar sagrado, onde dormem nossos filhos, onde repousa a face do nosso amor... Não é base ou trampolim para mãos sujas. Escolhamos os postulantes como escolhemos os amigos: sem imposição, apenas pela confiança, após a leitura de sua história de vida!

Está na urna, com o voto responsável, a redenção de um povo!
No momento da votação, diga para si mesmo: Este é pelo Crato!
Aquele abraço!

Crato, 30 de julho de 2008
Dr. João Marni de Figueiredo